Arraiá, dançar na rua, vestir colorido. Isso significa muito, sabia? Vem conhecer o novo movimento de festas juninas do Rio de Janeiro
Integrante da bateria do carioca Multibloco e com a maravilhosa média de um arraiá por semana (tem uma listinha de blocos no Rio lá no fim do post pra você ir também, viu?), Marcela Vasconcellos é super leitora aqui do Modices. E ela tem sentido na pele que festa junina é muito mais do que tocar tamborim e ser sommelier de arroz doce. O que, por si, já seria lindo, claro. Mas tem bem mais.
Tem toda uma lista de motivos por que devemos colocar a melhor roupa colorida do armário, embonitar o espírito e ir pra rua: estar em um arraiá, qualquer um, é chance de dançar colado, de comer canjica, de lembrar de como se faz bicho de seda e caracol.
Atos que significam pesquisa, entendimento e divulgação da cultura brasileira enquanto ela acontece (ali, bem na nossa própria vida). Em tempos esquisitos como os de agora, especialmente, festa é ato de resistência:

festa junina é cultura brasileira pra todos os lados
Caipira, interiorana… A homenagem do Multibloco (que também é um bloco carnavalesco que a gente indica sempre) nessa temporada foi pro Boi do Maranhão. Quando que eu aprendi sobre isso aprendi na escola? Pois é, nunca. Músicas lindas que exaltam uma vida e um lugar que jamais imaginei existir dessa forma.
Além das cores (lindas!), do ritmo e dos personagens das apresentações, quem garante presença nessas festas é a esperança de uma vida melhor. E não é só o Multi: o Terreirada Cearense, o Agitoê e mais um monte de blocos do Rio mostram que têm conteúdo e brasilidade fervendo nas veias.
o novo exaltando o velho
É lindo demais ver gente de vinte e poucos cantando Gonzagão a plenos pulmões, de bracinho pro alto. Amelinha, Marinês, Elba, Jackson do Pandeiro, Fagner e Dominguinhos, todos devidamente homenageados, sem adaptações, sem remix.
Pessoal gosta de xote, de baião, de dançar colado. Devagarzinho, longe da pressa da vida moderna, de olhinho fechado e sem lembrar do relógio.

pra festa junina basta vestir-se de muita cor
Não precisa de camisa xadrez e bota. Foi só tirar minhas saias mais coloridas do armário, encher o cabelo de flor e sair feliz da vida.
Nos arraiás, o pessoal vai de chita, laço de fita, estampas coloridas, gigantes, berrantes e descombinantes.
Tem padre, tem noiva, tem índio e cangaceiro. E glitter, muito glitter, que ninguém é de ferro. Brasil né, mores?
provas de cidadania
No arraiá do Vem cá, minha flor, alguém esqueceu o celular num canto. Foi devidamente devolvido depois de anúncio no microfone. No evento anterior, um menino teve a bicicleta furtada e o pessoal juntou dinheiro e comprou uma nova.
É preocupação com geração de lixo, ritmista se juntando pra tocar em asilo, baterias inteiras fazendo eventos pra ajudar a arrecadar fundos pra instituições de caridade. É amor pulsando na marcação do grave da zabumba.

E onde rolam essas festas juninas incríveis?
Deu vontade de ir também, né? A Marcela fez uma listinha de festas que tão rolando no Rio:
15 de julho, sábado:
Arraiá da La Cumbia, na Praça Tiradentes
Arraiá de Todos os Santos 2017, na Praça Paris
16 de julho, domingo:
Arraiar do Carimbloco, na Praça Tiradentes
22 de julho, sábado:
Arraawwiá da Onça!, na Rua da Gamboa
Tem outras sugestões no Rio? Ou em outras cidades? Comenta aí pra todo mundo saber <3
Mais sobre a Marcela Vasconcellos, que nos levou pra dançar em torno da fogueira:
Fala alto, organizada demais, formada em fisioterapia, trabalha com Comex, descobrindo talento pra administrar. Sempre leu muito, acha que acumulou palavras demais na cabeça (tenta fazer um tweet e sai textão). Transtorno de ansiedade, yoga, corrida, joelho ruim, toca o terror e o tamborim também.