No dia 24 de Abril de 2013, há dois anos atrás, 1133 pessoas morreram e mais de 2500 ficaram feridas quando o complexo de fábricas Rana Plaza (que produzia roupas para as principais fast fashions do mundo) desabou na cidade de Dhaka em Bangladesh. No entanto, podemos observar que pouquíssimas atitudes são tomadas para minimizar esses ‘acidentes’ e proteger as pessoas que sofrem intensamente para alimentar essa loucura que é a cadeia de produção, fornecimento e comercialização de produtos da moda.
A tragédia de Rana Plaza catalisou a formação do comitê que veio a se tornar o Fashion Revolution. Fundado por Carry Sommers, o time conta com participação de publicitários, designers, ativistas e políticos, todos trabalhando juntos para criar uma campanha de conscientização verdadeiramente global. Assim surgiu o Fashion Revolution Day que acontece hoje pelo seu segundo ano.
Nos 71 países que estão atualmente envolvidos, o Fashion Revolution Day pretende conscientizar, disseminar e discutir os impactos ecológicos e sociais da moda em todas as suas fases. O projeto defende o uso do poder da moda para inspirar mudanças e criar um futuro mais sustentável. Nós podemos mostrar que queremos, sim, fazer a diferença e aprender a consumir moda de forma inteligente.
O lema do Fashion Revolution é: seja curioso; descubra quem fez suas roupas, quem plantou e cultivou o algodão, como ele foi transportado, quem teceu as fibras em tecidos? Onde eles foram costurados e por quem? Qual foi o método de transporte? É um método ecologicamente viável? A loja procura zelar por seus trabalhadores?
Informação sempre é a primeira arma em qualquer batalha.
No passado, a mesma pessoa que criava também ficava encarregada da produção e comercialização de seus produtos. Artesãos criavam ovelhas, teciam a lã, tricotavam o suéter e o vendiam. Produtor e consumidor geralmente realizavam essas transações pessoalmente. A divulgação do produto era feita boca-a-boca: “fulano faz umas blusas de lã quentinhas para o inverno, comprei a minha ano passado e ainda esta novinha”.
Conforme o pret-à-porter surgiu oferecendo ao grande público roupas prontas pra usar e a globalização aconteceu, esse processo se tornou multifacetado e desconectado, dominado pelas grandes corporações: a pessoa que tece a lã não tem contato nenhum com a pessoa que cria, nem com a que costura, muito menos com quem compra o produto final. Em um presente onde o ato da compra não tem conexão nenhuma com o ato da produção, podemos usar o Fashion Revolution Day para tentar entender e descobrir todos os processos e pessoas envolvidas na produção de uma simples blusinha branca. Bem como trabalho, suor e lágrimas que muitas vezes passam desapercebidos para os consumidores finais.
Fernanda Simon, representante do Fashion Revolution Day no Brasil explica: “É preciso criar uma conexão mundial entre marcas, trabalhadores, ativistas e consumidores. Trabalhar em direção à mudança da indústria, a longo prazo.” As cidades de São Paulo, Campinas, Pomedore, Floripa, Recife, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba contaram com eventos locais, e em São Paulo, onde a Matilha Cultural está oferecendo uma série de palestras e meda-redonda discutindo os impactos ambientais da indústria da moda e as possíveis alternativas.
Quem não pode estar presente nas palestras pode participar vestindo roupas pelo avesso nessa sexta (dia 24). Também vale postar uma foto com #FashRev #WhoMadeMyClothes questionando marcas sobre seus métodos de produção e fazendo cada um pensar sobre o que realmente esta vestindo. Eu com certeza vou (@carmen_manzano), pois quero cada vez mais aprimorar meus hábitos de consumo para opções cada vez mais conscientes e sustentáveis.